BIOGRAFIA

Nascido na cidade de Macaparana, o cantor e compositor Muniz do Arrasta-Pé iniciou sua carreira artística muito cedo.

Aos nove anos de idade tentou estudar mas a pouca visão que lhe restava dificultou o seu ingresso na escola. Com quatro irmãos mais novos que também portavam a mesma deficiência, Muniz já se preocupava em ajudar sua família. Seus pais(Sr. Adélio e Sra. Eurides) não tratavam os seus cinco filhos (cegos) diferentemente dos que enxergavam, ao contrário ensinou-lhes a fazer os serviços da roça, bem como as tarefas domésticas.

Aos dez anos de idade Muniz já começava a perceber as dificuldades enfrentadas pelo seu pai para manter seus sete filhos, pois o mesmo também estava começando a perder sua capacidade de enxergar. Então pensou em uma maneira de ajudar o velho e seus irmãos. Foi assim que surgiu a idéia de aprender tocar instrumentos musicais e revelou ao seu genitor esta disposição.

Sem que o menino soubesse, Sr Adélio combinou com um amigo para trazer uma sanfona de 32 baixos. Logo após o amigo cumpriu o combinado. As cinco horas do dia 1 de junho de 1976, Muniz estava dormindo em uma rede, na sala de sua casa, quando acordou assustado (nunca havia escutado um instrumento de perto, apenas através do rádio). Levantou da rede correu para a cozinha e perguntou: "Mãe, o que é aquilo?" ela respondeu: "É uma sanfona que teu pai vai comprar pra tu!", na quele momento ele vibrou de alegria. O pai de Muniz trocou a sanfona em um relógio e um rádio que estava a muito tempo sem funcionar. Naquele dia Muniz lançou mão do instrumento e imediatamente, não aceitando as aulas do sanfoneiro que fez a troca com seu pai, começou a executá-lo sozinho. Com desejo tão grande de tocar que até ao anoitecer ainda nem sequer tinha almoçado. Um ano depois Muniz já executava as músicas de Luiz Gonzaga e outros artistas da época! Todavia, Muniz começou a pensar: "Já sei tocar alguma coisa, mas como poderei ajudar meu pai a nos sustentar?". Após, ter refletido muito, tomou uma decisão e resolveu falar com o velho pai dizendolhe: "Papai, já sei tocar alguma coisa, vou fazer um melê" (instrumento que foi substituído pelo Zabumba) para meu irmão Sávio me acompanhar e vou tocar na feira com ele, na intenção de ajudar o Sr nas despesas da casa". Quando seu pai escutou a proposta repreendeu-o com rigor: "De jeito nenhum! filho meu pedir esmolas...?! Pra mim é preferível morrer! todos de fome e cegos, mas tocar na feira não!"

Mas Muniz que é insistente por natureza, mesmo com a severidade do seu pai, não desistiu da idéia e foi contar o ocorrido a sua mãe que o deixou a vontade para tomar qualquer decisão. No sábado seguinte Muniz, aproveitando que seu pai estava na mata pegando lenha, chamou seu irmão, colocou o "melê" e a "sanfona" dentro do saco e foi para a feira de Pirauá. Sentou no meio fio, botou uma bacia entre ele e seu irmão e começou a tocar com seu irmão. Por volta das nove horas da manhã, o povo que se encontrava na feira do pequeno lugarejo estava todo em volta das duas crianças e a bacia cheia de dinheiro. Como as crianças eram muito pequenas, foram levadas por amigos, para cima de um banco de praça, com a intenção de serem vistos por todos. Algumas horas depois chega seu Adélio, pai dos meninos, e como Muniz havia desobedecido suas ordens, ele chegou quase a pendurá-lo pelas orelhas, com safona e tudo, dizendo: "Eu disse que não era para vir pedir esmolas?! O povo que estava assistindo as crianças caíram em cima dele dizen-do: "Eles não estão pedindo esmolas! você devia agradecê-los, pois esse é o trabalho que eles podem fazer. "Neste dia, no fim da feira, Muniz e seu irmão conseguiram ganhar noventa e sete contos de réis. Pagou dois contos por um lanche e com noventa e cinco restante, sua mãe comprou uma parelha de roupa para cada um dos sete filhos e o restante fez uma feira que deu para passar o mês inteiro. Com esse resultado, o pai dos pequenos artistas mudou de idéia e resolveu acompanhá-los em outras feiras do estado da Paraíba e parte de Pernambuco, foi aí que um outro irmão de Mun iz aprendeu tocar "Triângulo", formando assim um trio: Muniz na sanfona, Sávio no mêle e Nenêm no triângulo. O trio viajava, acompanhado por seu pai, durante meses sem voltar em casa. Apenas mandando notícias pelos seus vizinhos que iam encontrando nas feiras onde se apresentavam.

A vida não era fácil, dormiam na casa dos outros e na maioria das vezes terminavam a feira sem almoçar, com o objetivo de poupar o dinheiro que arrecadavam, que era para as despesa da casa. Até os dezoito anos a vida de Muniz e seus irmãos era essa, até quando desobedeceu o pai mais uma vez, indo morar na cidade de Macaparana, interior pernambucano, na casa do seu tio, onde conheceu a amiga Ângela, que lhe fez uma proposta de ir estudar no Instituto de cegos do Recife, hoje com o nome de Instituto Antônio Pessoa de Queiroz. Mas uma vez seu pai não concordou com a idéia dizendo: "Casa dos outros não tem o que dar! eu nunca ouvi dizer que cego pudesse estudar". Mas, Muniz sabendo do seu potencial, fez uma campanha na cidade conseguindo agasalhos, dinheiro, etc.

No dia 27 de setembro 1984, embarcou trazido pela amiga Ângela, sendo recebido pelo então diretor do Instituto Sr. Zacarias Pinheiro de Melo. Uma semana após, Muniz já sabia ler e escrever pelo sistema Braille, entusiasmado com sua inteligência e aconselhado por alguns professores, o diretor do instituto mandou buscar seus dois irmãos, no dia 15 de outubro do mesmo ano. os mesmos que o acompanhavam nas feiras do interior e assim começaram a tocar em clubes e festas particulares, Diferentemente de algum tempo atrás quando eram contratados. Em 04 deFevereiro de 1985, Muniz foi buscar as duas irmãs que também não enchergavam. Em 05 de Junho 1988, Muniz trouxe seus pais e suas duas irmãs mais novas para vir fixar residência no Recife, onde com ajuda de amigos, fizeram uma casa no Ibura, começando assim uma nova vida. Nessa altura dos acontecimentos, os cinco irmãos estavam estudando no referido Instituto, as primeiras séries do ensino fundamental, teoria musical e trabalhando. O trio já acalentava o sonho de gravar seu primeiro CD, mas não havia conseguido dinheiro através de empréstimo. Mas, em fim, conseguiram gravar o primeiro trabalho com tiragem de 1.000(mil) cópias. O trio havia recebido nome de: "Arrasta-pé" (nome dado pela professora Nilza).

No ano seguinte, o grupo fez muito sucesso na capital pernambucana e também no interior, fazendo shows nas melhores casas, se apresentando em rádios, televisão e sendo manchete nos três principais jornais do estado de pernambuco. O CD recebeu o título de "Rotina do Sertão", com doze faixas, das quais nove são de autoria do próprio Muniz. Em 2000, seu irmão Sávio, que já havia trocado o melê pelo zabumba e que cuidava da divulgação sendo empresário do grupo, resolveu separar-se dos seus irmãos e formor sua banda. Com essa perda, Muniz ficou um tanto atordoado e pensou até em desistir da carreira, mas seu irmão Nenêm, trianquista, começou a incentivá-lo a continuar buscando seu sonho de um dia fazer sucesso como artista. Muniz também recebeu apoio de seus amigos que o estimulavam dizendo: "Você tem talento e não pode deixar tudo a perder... Foi que Muniz decedio segui sua carreira "Solo", adotando o nome de "Muniz do Arrasta-Pé", partindo novamente para a luta com muita fé, trabalho e a determinação de sempre. Apesar do seu esforço e de sua confiança em Deus, sentiu muita resistência por boa parte da imprensa e por alguns clientes antigos do grupo. Mais uma vez conseguiu gravar um CD, o segundo da carreira e o primeiro "Solo". Daí as pessoas começaram a dar credibilidade e novamente volto a ocupar a memória dos fãs.




Atualmente Muniz faz shows em diversas casas de forró do estado, sempre acompanhado do seu irmão Nenêmm (triângulo) e Cristiano (zabumba) substituto de Sávio. Apesar de continuar com a forma-ção de trio, Muniz divulga seu trabalho como sendo carreira Solo e justifica: "O povo está acostumado a ouvir minhas músicas nos Shows e nas Rádios, através da interpretação de "Muniz do Arrasta-Pé". O título do seu segundo CD é "Amor e Raízes" Muniz ja estar preparamndo o seu terceiro disco. E este contém músicas de compositores pernambucanos como: Maciel Melo, Anchieta Dali, Xico Biserra e etc. Mas, precisa de sua ajuda. Mande-me um e-mail. Depois desta trajetória de luta incansável, Muniz agradece primeiramente a Deus e também ao povo que admira seu trabalho, comparecendo aos Shows e adquirindo seu CD, Provando que ele realmente é duro na queda, e está disposto a enfrentar a luta!.
>>>Um dia, lá no Sítio Paudarco, município de Salgado de São Félix, interior da Paraíba, dois jovens se casaram. Eram eles: Adélio com 26 anos e Eurides com 24 anos de idade.Isto se deu no dia 2 do mês de Abril do ano DE 1964. (Uma Quinta-feira.)
Após um ano e nove meses, nascia o primeiro filho do casal. Um menino que lhe foi dado o nome de (José.) Depois do menino começar a engatinhar, seus pais perceberam que a criança não enxergava.
Um ano após, nascia outro filho. Desta vez uma menina que recebeu o nome de (Judite) E QUE Como o primeiro, ao engatinhar, perceberam também não enxergava. Mas, a história continuou.
Depois o casal teve o terceiro filho, que recebeu o nome de (Domingos Sávio) que mais uma vez, também nasceu sem enxergar.
Chegou a vez do quarto filho, outro menino (Severino) que também veio sem ver.
Aí veio o nascimento do quinto filho, outra menina. Que foi batizada por (Maria Aparecida) não sei explicar, mas, a menina também nasceu sem a visão.
O sexto Vera Lúcia e o sétimo Mauricéa, nascerão sem problema visual.

A CRIAÇÃO DOS FILHOS
Seu Adélio e Dona Eurides, criaram os sete , sem diferenças, de modo que todos receberam o mesmo tratamento, do mais velho ao mais novo.
Mesmo sem ter estudo, não era porque os cinco mais velhos não viam, que eles não ezitaram de impor limites e ordens, como : isso pode, isso não pode
Mas, José que já nasceu danado, aos dois anos de idade, foi atrás da mãe que tinha ido lavar roupas na cacimba, e como não enxergava, se perdeu.
Quando dona Eurides chegou em casa que não o encontrou, ficou desesperada e foi a sua procura.
Somente as duas horas da tarde é que o avistou a beira de um formigueiro vermelho como um camarão.
Até os dez anos de idade, eles viam um pouco. mas, não dava para fazer nada com a vista. Então já de criança começaram desenvolver o tato para fazer as coisas.
José, gostava de pegar passarinhos, brincar de carro de ladeira, varrer o terreiro, lavar pratos pastar as vacas e cabras, além de preparar a comida no fogo de lenha..
Mesmo sem enxergar, ele ainda trabalhava na roça e ajudava o seu tio a moer mandioca para fazer farinha.
Judite, de varrer casa e cuidar dos irmãos mais novos, enquanto dona Eurides estava na Roça com Seu Adélio.
Neném e Sávio de apanhar capim para a comida dos bichos no fim da tarde.
O trabalho era enfadonho porém gratificante.
Ali havia de tudo: Feijão, arroz, farinha, batata doce, inhame, café, jaca, manga, banana, jerimum, tomate, cebola, goiaba, maracujá etc.
Mesmo papai e mamãe nos castigando quando deixava cair um pote d'água da cabeça, arrisco dizer: A gente era feliz e não sabia! Afirma José.

A PREOCUPAÇÃO DE JOSÉ

Ainda aos nove anos de idade José tentou estudar mas a pouca visão que lhe restava dificultou o seu ingresso na escola.
Então, uma professora que era considerada madrinha dos sete, (Madrinha Alberina) recortou o alfabeto em uma cartolina fazendo assim ele conhecer o formato das letras através dos dedos.
Aos dez anos de idade, já começava a perceber as dificuldades enfrentadas pelo seu pai para manter os filhos, pois o mesmo também estava começando a perder sua capacidade de enxergar.
Então mesmo sendo ainda uma criança, pensou em uma maneira de ajudar o velho e seus irmãos. Foi assim que surgiu a idea de aprender tocar instrumentos musicais e revelou ao seu genitor esta disposição.
Sem que o menino soubesse, Seu Adélio combinou com um amigo para trazer uma sanfona de 32 baixos. Logo após o amigo cumpriu o combinado.
As cinco horas do dia 1 de junho de 1976 (Terça-feira,) José estava dormindo em uma rede, na sala de sua casa, quando acordou assustado com um som que achou diferente do raidinho de pílea.
Ele nunca havia escutado som de nem um instrumento de perto.
Com muito medo, Levantou-se da rede correu para a cozinha e exclamou: mamãe! O que é aquilo?!
" Ela respondeu: "É uma sanfona que teu pai vai comprar pra tu! E ele vibrou de alegria.
Depois de muita conversa, porque o dono da sanfona pediu uma volta em dinheiro muito alta, 100 (cem minrés)chegarão em um acordo e o pai de José trocou a sanfona em um rádio velho e um relógio que estavam a muito tempo sem funcionar.
Ainda voltou 25 minrés, que José não sabe dizer se seu pai chegou a pagar este dinheiro.
Naquele dia, José lançou mão do instrumento imediatamente, não aceitando as aulas do sanfoneiro que fez a troca com seu pai, e começou a executar-lo sozinho.
O desejo era tão grande de tocar que até ao anoitecer nem se lembrou de almoçar.
Um ano após, José já executava as músicas de Luiz Gonzaga e outros artistas da época!
O seu tio Domício, chamado de Titi, o acompanhava batendo em uma inchada sem cabo e faziam a farra para admiração da familia.

O INÍCIO DA SUA VIDA PÚBLICA

Todavia, José começou a pensar: "Já sei tocar alguma coisa, mas como poderei ajudar meu pai a nos sustentar?".
Após muito refletir, o menino de onze anos, tomou uma decisão e resolveu falar com o velho pai dizendo-lhe:
"Papai, já sei tocar alguma coisa, vou fazer um melê, " instrumento que foi substituído pelo Zabumba) para meu irmão Sávio me acompanhar, e vou tocar na feira com ele, na intenção de ajudar o senhor nas despesa da casa".
Quando seu pai escutou a proposta repreendeu-o com rigor.: "De jeito nenhum!!! Filho meu pedir esmolas!? Pra mim é preferível morrer Todos de fome e cegos, mas tocar na feira não!"
Mas José que até hoje é insistente por natureza, mesmo com a severidade do seu pai, não desistiu da idea e foi contar o ocorrido a sua mãe que o deixou a vontade para tomar qualquer decisão.
No sábado seguinte, José aproveitando que seu pai estava na mata pegando lenha, chamou seu irmão Sávio, colocou o "melê" e a "sanfona" dentro de um saco e botou o pé no caminho.
Foi até a feira de Pirauá. (Lugarejo que fica na divisa de Pernambuco com Paraíba.) Sentou-se no meio-fio, botou uma bacia entre ele e seu irmão e os dois começaram a tocar.
Por volta das nove horas da manhã, o povo que se encontrava na feira do pequeno lugarejo, estava todo em volta das duas crianças e a bacia cheia de dinheiro.
Como as crianças eram muito pequenas, foram levadas por amigos, para cima de um caixote de tomate em frente do mercado que era mais largo, com a intenção de serem vistas por todos.
Quando seu pai chegou da mata, procurou pelos dois e quando percebeu que eles tinham ido tocar na feira colocou o pé no caminho bufando de raiva.
Por volta das dez horas da manhã, chega seu Adélio, pai dos meninos, e como José sendo o mais velho e havia desobedecido suas ordens, ele pendurou-o pelas orelhas, com sanfona e tudo, dizendo: "Eu disse que não era para vir pedir esmolas!"
"José falou que foi uma dor tão da bexiga, que ele mijo-se todo, que correu de cassamento abaixo!"
O povo que estava assistindo as crianças caíram em cima dele dizendo: "Eles não estão pedindo esmolas! você devia agradecer a Deus, pois esse é o trabalho que eles podem fazer.
Então conseguiram convencer seu Adélio e os músicos mirim voltarão a tocar.
Na quele saudoso Sábado," no fim da feira, os dois irmãos conseguiram ganhar noventa e sete contos de réis.
Pagaram dois contos de réis por um lanche, e com noventa e cinco restante, sua mãe comprou uma parelha de roupa para cada um dos sete filhos e o restante fez uma feira que deu para passar dois meses.

SEU ADÉLIO MUDA DE IDEA

Com esse resultado, o pai dos pequenos artistas mudou o modo de pensar, e resolveu acompanhá-los em outras feiras do estado da Paraíba e parte de Pernambuco.
Foi aí que um outro irmão dos dois, aprendeu tocar "Triângulo", formando assim um trio: José na sanfona, Sávio no melê e Nenê no triângulo.
O trio viajava, acompanhado por seu pai, durante meses sem voltar em casa. Apenas mandando notícias pelos seus vizinhos que iam encontrando nas feiras onde se apresentavam.
A vida não era fácil.
Dormiam na casa dos outros e na maioria das vezes terminavam a feira sem almoçar, com o objetivo de poupar o dinheiro que arrecadavam, para as despesas da casa.
Muitas vezes iam dormir até sem jantar. Pois, onde estavam hospedados, os donos da casa já tinham jantado e não queria se levantarem para fazer janta pra quem chegavam após as vinte horas da noite. Era uma vida dura, difícil e humilhante.
Também o povo do sítio Paudarco, quando eles não iam para as feiras, organizavam baile nos fim de semanas.
em um deles, um cara chamado de João Peba acabou o forró com uma faca e os meninos correram tremendo de medo para dentro das bananeiras.
Quando José atingio a idade de treze anos, seu Adélio já não mais podia acompanhar as crianças por falta da visão. E também não podia mais trabalhar na roça, aumentando assim as necessidades e a fome.
Foi aí que conheceram o amigo chamado carinozamente de Galego, na feira de Macaparana, que tocava pandeiro e passou acompanhar os meninos juntamente ao seu Adélio.
Foi uma pessoa muito importante na vida de José. Pois ele além de tocar o pandeiro, passava-o entre a multidão catando as moedas dizendo assim: Vamos ajudar estas crianças que não podem trabalhar!
Além de os proteger. Eles viajavam:
Na Sexta-feira, Timbauba , dormia na casa do vovô Pai miro e Mãe Dossa, para tocar na feira da cidade no sábado.
No Domingo, fazia Ferreiro. Na Segunda, Itambé. Na Terça, Itabaiana. Aí dormia na casa da Prima Auta.
Na Quarta, João Pessoa. Quinta, Rimige. Na Sexta descansavam, mas viajavam para Ingá de bacamarte na Paraíba para tocar no sábado.
Domingo, Morgeiro e assim sucessivamente.
Até os dezoito anos a vida de José e seus irmãos era essa.

A TROCA DO INTERIOR PELA CAPITAL

Seu pai já estava acostumado com a vida das feiras. Mas, José queria algo mais.
Foi quando no mês de Maio de 1984, foi convidado a participar de um evento religioso em Macaparana, onde conheceu novas pessoas.
Uma delas, foi o dentista Dr. Zé Carlos, que se entereçou a cuidar dos seus dentes sem nem um custo.
José desobedeceu o pai mais uma vez, indo após o evento, morar com seu tio Bibio, com quem passou quatro meses sendo cuidado pela querida glorinha esposa dele, na cidade referida.
Foi aí que conheceu a amiga Ângela, que lhe fez uma proposta de ir estudar no Instituto de cegos do Recife.
Mas uma vez seu pai não concordou com a idea dizendo: "Casa dos outros não tem o que dar! eu nunca ouvi dizer que cego pudesse estudar"...
Mas, José sabendo do seu potencial, desobedeceu o velho mais uma vês.
Fez uma campanha na cidade, e conseguio agasalhos, dinheiro, etc. para doar ao educandário. Todos o ajudaram.
No dia 26 de setembro 1984, as 11 horas e 30 minutos da manhã (uma Quarta-feira,) embarcou com destino ao referido Instituto de Cegos, no Bairro das Graças, Em Recife.
Sendo trazido pelo amigo Ivanildo, esposo da amiga Ângela, acompanhado ainda do seu tio Bibio e da amada madrinha Auberina, Sendo recebido pelo então diretor do Instituto Sr. Zacarias Pinheiro de Melo.
Quando os que o trouxeram foro sim embora, o diretor lhe apresentou logo uma cartília em braille, José passou a mão, e quando sentio os pontinhos, falou: "nunca vou conseguir ler isso!"
Mas, como ele sempre foi de alto astral, logo pensou: "não! eu vou aprender porque estes aí todos aprenderam!"
Na hora do almoço, seu Zacaria o aprezentou aos seus novos colegas, trinta e cinco meninos e doze menina no total de quarenta e cinco contando com ele.
Quando o almoço terminor, o colega, António josé, (que hoje é seu grande amigo), lhe chamou para jogar dominó juntamente a Tião e Lucinea que também são seus grandes amigos.
Aí ele pensou: oi!" E cego joga dominó"! Mas, comedo de ser vaiado, falou que não sabia jogar.
Aí Lucinea falou: eu lhe ensino.
Como é seu nome? É José. Aí ela disse : aqui tem muitos josé. Como é seu sobre nome? É Muniz.
Então vamos lhe chamar de Muniz.
Daí em diante, os seus colegas começaram a chamá-lo de Muniz.
No dia seguinte, as 7 horas e 30 minutos da manhã, após a oração e o café matinal, o diretor o aprezentor a professora Lourdinha.
Ela também era cega, e avaliava os alunos novatos afim de verificar quem tinha tato.
Deu ao Muniz um dado, e perguntor:"quantos furos tem o lado deste dado?
Muniz passou a mão e falou: "tem dois."
Em tão ela chamou seu Zacarias e falou: Ele tem tato e é muito inteligente.
Aí foi encaminhado a o pre-escolar como uma criancinha, para aprender o alfabeto dos seis pontinhos.
Só que a professora, (dona Tereza, não conhecia muito o braille e confundia o (h) com a letra (j.)
Aí quando chegava a noite que Muniz mostrava para os seus colegas sua tarefa, eles falavam que as letras estavam trocadas. Mas ele como um matuto respeitador, ficava com medo de falar para a professora o que os colegas diziam.
Foi quando o amigo e colega Tião, falou com dona Lourdinha e o caso foi rezolvido e Muniz tinha razão.
Uma semana após, Muniz já sabia ler e escrever pelo sistema Braille.
Entusiasmado com sua inteligência e aconselhado por alguns professores, o diretor do instituto chamou Tião, por ser o que tinha melhor locomoção, e mandou-o buscar seus dois irmãos, no dia 15 de outubro do mesmo ano, (uma Segunda-feira).
Os mesmos que o acompanhavam nas feiras do interior.
Quando Tião juntamente com Muniz chegaram na humilde cazinha do Sítio Paudarco, seu pai e sua mãe e todos os outros irmão ficaram abismado com o que ele contou.
Cego trabalha, estuda, anda só, farra, nomora, se casa, etc.
Isso foram algumas das coisas que eles contaram.
Então Seu Adélio liberor Sávio e Nené para também ir se juntarem a Muniz no instituto.
E assim assumiram a bandinha do educandário, e começaram a tocar em clubes e festas particulares da cidade do Recife, diferentemente de algum tempo atrás quando não eram contratados.
Além de ganhar o nome de (Grupo Arrasta-pé,) nome dado pela professora da primeira série , dona Nilza Pessoa.
AS OUTRAS IRMÃES TAMBÉM vinheram
A irmã mais velha de Muniz, Judite, estava no Rio de Janeiro na casa da tia Elza.
Avia acabado de sofrer um atrupelamento de carro ao traveçar a subida do Guarabu, em frente ao corpo de bombeiro, fraturando uns dos pés.
Muniz ligor para ela contando tudo que estava acontecendo, e a convenceu a vir embora para estudar no colégio.
No dia 02 de Fevereiro de 1985 (um sábado), Muniz foi buscar ela juntamente a Cida no interior após sua chegada do Rio de Janeiro, a pedido do diretor, para se juntarem a ele e os outros irmãos.
Elas tiveram mais sórte porque ainda enchergavam um poco, e assim já chegaram no educandário com a quarta série comcluida.
Daí pra frente foi só estudar e tocar a vida diferente da do interior.

QUEM ERAM OS PROFESSORES DE MUNIZ

Alfabetização, dona Tereza, 1ª., série, Nilza Pessoa, 2ª. Dona Severina, (Brava, amiga, e correta), 3ª., Carmelita, 4ª. Dona Amélia.
Ainda Tinha Dona Lourdinha que era uma espece de reforço de matemática.
Os professores de Músicas eram: Seu Gildo que encinava o curso de música teórica, seu Carneiro piano, e Ferreira teclado.
Muniz cursor os três , tendo ótimo desempenho.

A VINDA DO RESTANTE DA FAMÍLIA DO INTERIOR PARA A CAPITAL

Como os meninos não estavam mais para tocar nas feiras, e seu aDélio não enchergava mais deixando-o assim impocibilitado de trabalhar na roça, ele juntamente com dona Eurides e as irmães mais novas comessaram passar necessidade.
Aí Muniz chamor seus irmãos, e ajudado pelos professores, conceguíram um terreno Juntamente a prefeitura, em 3 carneiros e construíram uma casa. em 06 de Junho de 1988, (uma Segunda-feira), após seu pai vender por quaze nada o cantinho onde morava com sua mãe e suas irmães mais novas, trouxe-os para morarem definitivamente em Recife.
Aí ficor melhor, porque todos estavam juntos outra vês. Sempre se dedicando aos estudos, e obedecendo as ordens do educandário, Muniz queria mais.

O PRIMEIRO EMPREGO

No ano de 1988, indicado por uma filha do diretor do colégio, começou a fazer um estágio no Hospital Agamenon Magalhães.
Seu desempenho no estágio foi tão bom, que após quatro meses, os colegas de trabalho o aconcelharam a ir falar com o diretor da quela unidade hospitalar, afim de ter sua carteira assinada definitivamente.
em primeiro de Junho do mesmo ano, uma Quarta-feira, o então diretor do hospital, Dr. Jario Campos, chegor pessoalmente no setor de rx, e lhe pedio para trazer os documentos pra ser contratado.
Muniz nesta noite não dormil. Ele teve sua carteira de trabalho assinada pela empresa embrasel.
Em 1993, fez um concurso do estado para auxiliar de câmara escura que ofertava trinta e seis vagas.
Muniz concorreu com mais ou menos quatro mil candidatos e ficou na décima segunda colocação. Assim, continuou trabalhando no mesmo hospital aonde está até hoje.


MUNIZ AGORA É PESSOA JURÍDICA

Incentivado por amigos que querem verlo crescer , como Alexandre filho do maestro Ademir Araujo, tiror seu CNPJ em 29 de Novembro do mesmo ano, juntamente ao Sebrai, tornando assim um emprendedor individual. Dono do seu própio negócio.
Daí endiante, fes seu própio timbre e passou a uzar seu nome como pessoa jurídica.
Mandando como proponente, proposta de shows, nota fiscais, recibo, etc.
Ainda tendo o apoio de sua mulher Edvánia, com quem vive até hoje a dois anos, depois de 5 ano separado e sem ninguém que o apoiace.
Ela trabalha com ele nos shows, em busca de contrato e o ajuda em tudo rogando a Deus para tudo dar serto.
Por fim, Muniz em 2012, fez shows em: Recife, no interior, destaque para a cidade que o vio tocar em sua feira como a querida Macaparana, e Voltor a tocar no FIG.
E também, voltou a dar entrevistas para as rádios e tv.
Até hoje, dia 20 de Outubro de 2012, o ultimo show foi no atelieh do artista plástico, (Sávio araujo,) que estar fazendo a arte final do seu quarto cd previsto para ser lançado no próximo ano em homenagem a Gonzaga, o rei do baião..
Com participações de Santanna, Maciel Melo, Dominguinhos e do amigo cantor e locutor, Ivam Ferraz.


José Muniz da Fonseca

(Muniz do Arrasta-pé)